Tive a minha primeira sessão de psicoterapia aos 17 anos. Eu era bancária e muito tímida e, como toda adolescente, tinha muitos questionamentos sobre as diversas questões da vida. Estava certa de que ao encontrar com uma psicóloga, minha vida iria mudar para sempre. Minha imaginação era fértil e eu mal pude esperar o momento da consulta. Eu não entendia nada sobre psicologia, para mim todo o psicólogo era igual. Eu não fazia ideia ainda de como seria esse primeiro encontro. Aliás, pensava que a terapeuta iria me fazer sentir à vontade e iria me encorajar a iniciar um diálogo interessante, já que iria perceber minha timidez. Nossa! Como esperei por isso! Pensava até que eu iria receber um abraço ou ela iria fazer algo que aliviasse meu desconforto, mas, nada disso aconteceu. Posso dizer que meu primeiro contato com a psicoterapia foi um pesadelo. Era uma sala linda, enorme, e chiquérrima, ainda me lembro bem da distância que nossas poltronas ficaram, uma de frente para outra. Ao sentarmos, a psicóloga não esboçou nenhum sorriso, cruzou as pernas e ficou me olhando, eu comecei a me sentir muito mal e na hora percebi que estava numa enrascada. E agora? O que faço? Travei na hora e fiquei esperando ela iniciar uma conversa ou mostrar alguma simpatia. Quanto mais o tempo passava, mais o silencio pairava, a angústia ia aumentando e só aliviou depois de 40 minutos, quando a terapeuta falou pela primeira vez que a sessão tinha acabado. Meu Deus! Não via a hora daquilo terminar, mas ainda me lembro do preço bem salgado que paguei. Resultado: saí pior que entrei, eu estava arrasada e por muitos anos me culpei por ser tímida e não conseguir nem falar com a psicóloga. Pensava que ela era a minha última chance. O tempo passou e minha indignação foi só aumentando, me perguntava a todo momento que “doidera” era essa tal de psicologia, como pode uma pessoa estudar tanto para não falar nada? Será que todos eram assim? Será que é assim que funciona? E para não me decepcionar novamente, fui buscar respostas direto na fonte, resolvi mergulhar fundo nessa questão até para ver se eu, no outro lado da poltrona, poderia ter uma atitude diferente e então decidi estudar e me tornei psicóloga. Descobri que a psicologia possui mais de duzentas abordagens psicológicas e cada uma reflete o modo como entende o ser humano. Cada abordagem me pareceu mais linda que a outra, umas semelhantes e outras bem diferentes, umas mais diretas que interagem mais com o paciente, outras que enfatizam mais o silêncio, algumas focadas no presente, outras nos seus primeiros anos de vida, umas ressaltam a espontaneidade e outras? “Só Freud explica!” (rs). Mas todas têm um único objetivo: ajudar o ser humano a ter uma melhor qualidade de vida. Afinal, o que adianta dominar todas as técnicas se não levar em consideração o bem-estar do ser humano? Diante de tantas opções você deve estar se perguntando: - “então, como faço para escolher um profissional de psicologia?”. Minha dica é simples, ao contratar um profissional, pergunte a ele como será a psicoterapia. Como será o seu tratamento? Qual seu estilo terapêutico? Qual abordagem ele segue ou se segue alguma abordagem. Existem abordagens que levam o terapeuta, de início, já na primeira sessão a explicar para o paciente qual a linha psicoterápica que utilizará, como é o caso da terapia cognitivo comportamental. Outras são mais ortodoxas, mas todas se preocupam em fazer um bom “rapport”, um bom acolhimento para que as sessões fluam de forma natural. Se por ventura você ficar em dúvida, não saia da sessão constrangido, pergunte, é seu direito! Assim você terá um maior entendimento com o terapeuta e juntos podem escolher o melhor caminho. Espero ter ajudado nessa questão e aproximado mais você da psicologia, pois eu não quero que aconteça com você o mesmo que aconteceu comigo, a não ser que você vire psicoterapeuta e se torne um psicólogo, aí já é outra história!
Que você seja cada dia mais feliz!
Um beijo grande!
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